Castanheiro Gigante, ou Árvore do Povo
O Castanheiro Gigante de Guilhafonso é considerado por especialistas como o símbolo regional da castanha. Pela sua idade e dimensão, esta árvore-monumento representa toda uma história milenar em torno da cultura da castanha na região da Guarda. Esta árvore é também conhecida como “Árvore do Povo”.
Idade
Estima-se que a idade desta monumental árvore ultrapasse os 500 anos.
Localização
O Castanheiro Gigante de Guilhafonso está localizado na aldeia homónima, no concelho da Guarda.
Medidas da “Árvore do Povo”
A árvore, da espécie Castanea Sativa Miller, é uma das maiores árvores desta espécie na Europa.
É tão imponente que são necessários pelo menos 9 homens para a conseguir abraçar ao nível do tronco, cujo perímetro foi medido em 12,92m. A altura do Castanheiro Gigante de Guilhafonso é de 19 metros (pode variar devido a intervenções de manutenção) e o diâmetro médio da copa ronda os 25,5 metros.
Quantos quilos de Castanha pode produzir uma árvore desta envergadura?
No ano de 1987, o Castanheiro Gigante de Guilhafonso produziu 500 quilos de castanhas.
Denominação de Origem Protegida (D.O.P.)
A Castanha na região detém uma Denominação de Origem Protegida, designada de “Castanha dos Soutos da Lapa” e abrange as variedades Longas e Martaínha. No Distrito da Guarda abrange os concelhos de Aguiar da Beira e Trancoso.
A variedade de castanha produzida pelo Castanheiro Gigante de Guilhafonso é Rebordã.
Um pouco de História da Castanha por Terras do Distrito da Guarda
Na década de 50 do século passado, a castanha era um elemento preponderante na economia familiar desta região, sobretudo na Guarda. O Distrito da Guarda era, à época, o segundo maior produtor de castanha de Portugal, ultrapassado apenas pelo Distrito de Bragança.
Com o passar do tempo e com o abandono das terras, vieram os incêndios e as doenças do Castanheiro: a tinta e o cancro. Estes fatores ditaram uma regressão drástica na produção de castanha, que perdeu grande parte da sua relevância.
Consta que o Castanheiro Gigante de Guilhafonso terá sido vendido para abate no início da década de 70. Mas os residentes opuseram-se ao destino que lhe havia sido ditado e impediram a fatalidade.
Já em 2009, esta árvore anteviu novamente um fim trágico, quando se viu em vias de ser desclassificada pela Autoridade Florestal Nacional. A razão invocada foi o facto de apresentar uma elevada probabilidade de vir a secar. A população mobilizou-se novamente e forçou o Município da Guarda a tomar medidas. Optou-se à época por encomendar um estudo à Universidade de Trás-Os-Montes e Alto Douro a fim de avaliar o estado do castanheiro e de recomendar medidas para o seu salvamento de uma morte tida como certa. O estudo recomendou poda e tratamento fitossanitário e a árvore acabou por se salvar.
A Cultura da Castanha na Cultura e na Toponímia:
Localidades como “Castanheira”, nos concelhos de Guarda, Gouveia e Manteigas e Trancoso, ou “Soito” e “Souto do Bispo” em Sabugal são a prova da relevância desta cultura na região e de que esta vem de tempos imemoráveis.
Um “Souto” ou “Soito” é por definição um povoado de Castanheiros, gerido com vista à produção de castanha.
A celebração do Dia de São Martinho é outro testemunho vivo da preponderância que a castanha teve outrora. Por terras do Distrito, o “Magusto da Velha”, celebrado em Aldeia Viçosa, no Concelho da Guarda, no dia 26 de Dezembro é outro exemplo. Desde o ano de 1698 que no dia referido são atiradas castanhas à população, a partir da torre da igreja. O nome da “velha” que deu origem à festa ter-se-á perdido na penumbra do tempo, mas sabe-se desde sempre que a castanha era o elemento capaz de matar a fome aos pobres.
Outras iniciativas que visam a preservação da memória da castanha são:
O Museu da Castanha, em Aldeia do Bispo, Guarda, onde tem uma secção inteiramente dedicada ao ciclo da castanha;
O Centro Interpretativo Vivo do Castanheiro e da Castanha, em Aguiar da Beira.
Estas iniciativas visam no fundo preservar a memória da Castanha, de que o Castanheiro Gigante de Guilhafonso se tornou símbolo.
“Árvore do Povo” é outro nome pelo qual o Castanheiro Gigante de Guilhafonso é conhecido.
Sugestão de Leitura
Os interessados na história da castanha na nossa região podem consultar a obra “O Castanheiro e a Castanha na Tradição e na Cultura”, de Mário Cameira Serra.
A Cultura da Castanha, hoje em dia
Embora bastante longe dos números da década de 50 do século passado, as plantações de castanheiro têm originado um incremento sustentado de produção.